O Budismo é mais antigo do que o Cristianismo, tendo como referência o nascimento de Sidarta Gautama. O ano de seu nascimento é uma incógnita, já que há várias fontes com datas diferentes, mas, em média, seria algo em torno de 550 anos antes de Cristo. Sua história também difere um pouco entre algumas fontes, mas o contexto do nascimento e vida permanece o mesmo.
A história de Sidarta Gautama, o Buda.
Nascido na Índia, Sidarta Gautama era filho de um rei do povo Sakhya que habitava a região da fronteira entre a Índia e o Nepal. Quando ainda era criança, um profeta alertou a seu pai que, se ele tivesse contato com a realidade do mundo, abandonaria a condição de príncipe. Preocupado com essa profecia, seu pai cercou o palácio com um muro e o manteve dentro desses limites, oferecendo a Sidarta os prazeres do mundo material.
No palácio, a vida de Gautama era cercada de conforto e paz. Casou e teve um filho, mas vivia totalmente protegido de contato com o exterior, por ordem de seu pai. Uma tarde, fugindo dos portões do palácio, o jovem Gautama viu três coisas que iriam mudar sua vida: um ancião que, encurvado, não conseguia andar e se apoiava num bastão, um homem que agonizava em terríveis dores devido a uma doença interna, um cadáver envolvido num sudário de linho branco. Essas três visões o puseram em contato com a velhice, a doença e a morte, conhecidas como “as três marcas da impermanência", e o deixaram profundamente abalado. Voltando para o palácio, ele teve a quarta visão: um Sadhu, um eremita errante cujo rosto irradiava paz profunda e dignidade, que impressionou Gautama a tal ponto que ele decidiu renunciar à sua vida de comodidade e dedicar o resto de sua vida à busca da verdade.
Durante sete anos esteve estudando com os filósofos da região e continuava insatisfeito. Por fim, em uma de suas viagens, chegou a Bodh Gaya, onde encontrou uma enorme figueira e tomou a resolução de não sair de lá até ter alcançado a iluminação. Durante 49 dias ele permaneceu sentado à sobra da figueira, em profunda meditação, transcendendo todos os estágios da mente até atingir a Iluminação, um estado chamado Nirvana. Desde então foi chamado de Buda (o que despertou) ou Shakyamuni (o sábio dos shakyas). Seus ensinamentos nascidos dessas experiências são conhecidos como o Caminho do Meio, ou simplesmente o dharma (a lei).
Do momento em que atingiu o Nirvana, aos 35 anos de idade, até sua morte, aos 80, Buda viajou por toda a Índia, ensinando e fundando comunidades monásticas. Seus seguidores tinham as mais variadas características, e ele os ensinava de acordo com suas habilidades para o crescimento espiritual. Ele não exigia crença cega; ao contrário, adotava o "venha e experimente você mesmo", atitude que ganhou os corações de milhares. Sidarta ensinou o dharma a todos, sem distinção de sexo, idade ou casta social. Costumava recomendar a seus discípulos que ensinassem em suas próprias línguas, de forma que a doutrina foi ficando conhecida em vários países.
Um pouco mais sobre o budismo
Dentro do budismo, há vários conceitos e formas de ver a vida, as atitudes humanas e até a morte. No budismo, assim como em várias outras religiões, acreditam na reencarnação, sendo que, para Buda, um ponto de partida óbvio é que “o ser humano é escravizado por uma série de renascimentos”. Também prediz que todas as ações têm consequências, o princípio propulsor por trás do ciclo nascimento-morte-renascimento seriam os pensamentos do homem, suas palavras e seus atos, o que ele chama de Karma. (Este termo, atualmente é utilizado pro várias outras religiões, sendo que algumas de forma diferente do budismo.)
O tipo ou modo de vida em que o indivíduo vai renascer depende de suas ações em vidas anteriores. O resultado flui automaticamente dessas ações. Mas o karma não é o único critério para distinguir o bem e o mal efetivamente. O budismo define o bem e o mal de acordo com diversos critérios. Entre eles, enaltece o valor da experiência pessoal.
Para o Budismo, o desejo é algo que deve ser muito bem trabalhado pois é ele que produz o karma no indivíduo e, consequentemente, alimenta o sofrimento.
O Budismo vê a vida humana como uma série ininterrupta de processos mentais e físicos que alteram o homem de momento a momento. Tudo é constituído de fatores existenciais impessoais que formam combinações fadadas a decair, ou seja: Tudo é transitório
No Budismo há quatro nobres verdades que se referem ao sofrimento. Estas verdades demonstram que tudo é sofrimento; que a causa do sofrimento é o desejo; que o sofrimento cessa quando o desejo cessa; e que isso é conseguido através do caminho das oito vias, caminho óctuplo.
A primeira nobre verdade determina que tudo no mundo é sofrimento. Do nascimento à morte sempre haverá o sofrimento. Buda reconhece que existe alegria tanto na família como no mosteiro. Todavia, tudo aquilo que amamos e a que nos apegamos simplesmente não vai durar.
Na segunda nobre verdade, Buda afirma que o sofrimento é causado pelo desejo do ser humano. O desejo implica, sobretudo, desejar com os sentidos a sede de prazeres físicos. Como essa ânsia nunca pode ser plenamente saciada, ela sempre irá acarretar um sentimento de desprazer. Até mesmo o desejo de sobrevivência do ser humano contribui para manter o sofrimento.
A terceira nobre verdade é que o sofrimento pode ser levado ao fim. Isso acontece quando o desejo cessa. E quando o desejo cessa, começa o Nirvana. Um pré-requisito necessário para suprimir o desejo é que a ignorância do homem deve ser enfrentada, pois ela é a causadora do desejo. Assim só o homem que não enxerga sente desejo.
A quarta nobre verdade afirma que o homem pode ser libertado do sofrimento e do renascimento seguindo o caminho das oito vias.
Com base em sua própria experiência, Buda acredita que o homem deve evitar os extremos da vida. Não se deve viver nem no prazer extravagante, nem na autonegação exagerada. O caminho para findar o sofrimento seria o "caminho do meio", e Buda o descreveu em oito partes:
1. Perfeita compreensão;
2. Perfeita aspiração;
3. Perfeita fala;
4. Perfeita conduta;
5. Perfeito meio de subsistência;
6. Perfeito esforço;
7. Perfeita atenção;
8. Perfeita contemplação.
No Budismo, a meditação é muito difundida. Ela tem como objetivo produzir um estado de saúde mental perfeita, equilíbrio e tranquilidade. Consequentemente a mente é purificada das impurezas e perturbações, tais como os desejos sensuais, raiva, má vontade, indolência, preocupações, inquietações e dúvidas, e cultivar qualidades como a concentração, atenção, inteligência, energia, a faculdade de análise, confiança, alegria, tranquilidade e finalmente conduzir ao alcance da sabedoria máxima que é ver e compreender a natureza das coisas tal como elas na verdade.
Existem dois tipos de meditação. Uma é o desenvolvimento da concentração mental (samma samadhi). Este tipo de meditação já existia antes do Buda. Portanto não é puramente Budista, mas não está excluída do campo da meditação Budista. A outra forma de meditação é conhecida como vipassana ou insight sobre a verdadeira natureza das coisas. Esse é um tipo de meditação essencialmente Budista. É um método analítico baseado na atenção plena, plena consciência e investigação.
É nesse ponto que ele pode ter esperança de alcançar a plena Iluminação (bodhi), na qual atinge uma compreensão perfeita das "quatro nobres verdades", deixando de enganar a si mesmo sobre a existência e se libertando da lei do karma. O budista agora se tornou um arhat ("venerável"), o que significa que não irá mais renascer. E quando morrer atingirá o eterno Nirvana.
Segundo Buda, tudo o que existe no mundo é sem autonomia, sofrimento e transitório. Assim, ele não via esperança enquanto o homem estivesse preso nesse ciclo. Contudo, existe algo eterno, algo fora do sofrimento. O budista chama isso de Nirvana. Essa palavra significa, na verdade, "apagar", uma referência ao fato de que o desejo "se extingue" quando se atinge o Nirvana.
Poucos textos budistas, porém, descrevem o nirvana em termos positivos. Uma condição para alcançar o Nirvana é que o budista encontre a Iluminação (bodhi), exatamente como ocorreu com Buda debaixo de sua figueira. O Nirvana final que a pessoa atinge quando morre, é irreversível. Por vezes ele é designado no Budismo por um temo especial, parinirvana, isto é, "extinção absoluta", ou "extinção ultima".
*Nota do editor: Ao conversar com budistas e monges sobre o nirvana, entende-se que o nirvana seria um “passaporte” para outros planos de evolução do ser humano, e a iluminação seria o máximo de evolução que se poderia chegar neste plano atual.
Para a vida diária o budismo tem cinco regras de conduta:
1. Não fazer mal a nenhuma criatura viva, sendo esta a mais importante das virtudes.
2. Não tomar aquilo que não lhe foi dado.
3. Não se comportar de modo irresponsável nos prazeres sexuais
4. Não falar falsidades.
5. Não se entorpecer com álcool ou drogas.
Ramificações do Budismo.
Não muito depois da morte do Buda, ocorreu uma divergência entre seus discípulos acerca da maneira como os ensinamentos dele deveriam ser interpretados. Um século mais tarde foi realizado um concílio. Como diversos monges expressaram o desejo de moderar a disciplina monástica, o encontro terminou numa divisão entre uma facção conservadora e outra mais liberal.
Como passar do tempo, o budismo foi sofrendo modificações e outras vertentes como:
- Budismo Theravada
- Budismo Mahayana
- Budismo Vajrayana
- Budismo Mantrayana
- Budismo Zen
Para quem quiser se aprofundar mais no tema, algumas leituras interessantes:
CARVALHO, Eide M. Murta (0rg.) O Pensamento vivo de Buda. São Paulo: Martin Claret, 1985.
FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
GIRA, Dennis. Budismo: História e doutrina. Petrópolis: Vozes, 1992.
PERCHERON, Maurice. O Buda e o Budismo. RJ, Agir, 1968.
WHITTEMORE, Robin; KNAFL, Kathleen. The integrative review: updated methodology. Journal of Advanced Nursing, v.52, nº 5, p. 546- 553, dez. 2005.
Obs: muitos termos utilizados neste texto são específicos da religião budista e foram mantidos no original para um melhor entendimento e compreensão.